A Natura (NATU3) vive um verdadeiro “inferno astral” e deve enfrentar um período prolongado de enfraquecimento nas vendas, em meio à concorrência acirrada, à perda de força da Avon e a um ambiente econômico ainda difícil, segundo avaliação do JPMorgan.Apesar da expectativa de boa geração de caixa e de as ações ainda estarem baratas em relação a outras marcas da região, o banco diz que os entraves para crescer e a gestão instável ainda pesam no curto prazo. Por isso, o banco prefere manter cautela: segue com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 10,50, um potencial de alta de 12%.Os analistas avaliam que a pressão sobre a Avon em mercados como Brasil, México e Argentina continua a limitar a performance do grupo. A integração regional, conhecida como Onda 2, trouxe ganhos de rentabilidade, mas ainda não o suficiente para mudar a trajetória recente.
Mesmo assim, o JPMorgan prevê um fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) com rendimento estimado de cerca de 12% em 2026, fator que ajuda a conter riscos, embora o mercado ainda aguarde sinais mais claros de retomada.Dados compilados pela Euromonitor apontam que o mercado de higiene pessoal e cosméticos (HPC) na América Latina deve avançar em ritmo mais lento. Segundo a empresa de pesquisa de mercados, a taxa média anual de crescimento (CAGR, na sigla em inglês) deve cair de 13% entre 2019 e 2024 para 7% entre 2024 e 2029, pressionada por inflação e menor poder de compra.Outro ponto de atenção, conforme o JPMorgan, é a maturidade do canal de vendas diretas, que responde por cerca de 25% do mercado, mas que vem perdendo relevância diante da expansão do varejo físico e do comércio eletrônico. Os analistas observam que a Natura tem buscado diversificar canais, mas o movimento ainda é gradual.
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Segundo o banco, a companhia passa por um processo de simplificação desde 2022, após a troca de presidente-executivo e diretor financeiro (CFO). A venda das marcas Aesop e The Body Shop reduziu dívidas e ajudou a limpar o balanço. A resolução do processo de falência nos EUA (Chapter 11) da Avon também encerrou riscos jurídicos relacionados ao talco com amianto. Mesmo assim, o aumento de custos e a pressão nas margens interromperam a melhora dos resultados mais recentes.Para o banco, embora a Natura tenha um perfil atraente de geração de caixa, o investidor deve seguir cauteloso enquanto as receitas não voltarem a crescer. A projeção é que o crescimento das vendas volte a acompanhar o ritmo do setor apenas no terceiro trimestre de 2026, quando o cenário macroeconômico, com a redução da Selic, deve ser mais favorável.A ação negocia a 8,7 vezes o lucro estimado para 2026 e a 7,5 vezes o de 2027, múltiplos considerados justos frente às varejistas brasileiras e com um desconto de 30% em relação a pares latino-americanos.
O JPMorgan usa um múltiplo de 8,5 vezes o P/L (Preço/Lucro) esperado para 2027 em sua avaliação e informa que atualizou as estimativas do modelo, desconsiderando as operações internacionais da Avon e incluindo uma prévia para o terceiro trimestre deste ano.
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